segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O carnaval do Rio pede passagem, reúne os bambas, sacode a poeira e dá a volta por cima...

Apesar do sucesso dos grandes bailes de salão, o carnaval é principalmente uma festa ao ar livre.
Segundo estudiosos, o carnaval tem sua origem nas festas agrárias egípcias, portanto é milenar o hábito de reunir-se sob o céu para cantar, dançar e extravasar em alegria...



















Sim, o Carnaval de rua do Rio voltou com força total e tem gente bonita, alegre, boa música e é de graça.
Como diria o poeta Nelson Sargento: – o samba agoniza mas não morre.
Honrando a memória dos pré-anos 30, que enfrentaram a polícia, resistiram e conseguiram seu espaço, as gerações seguintes encarregaram-se de trilhar um caminho de luta e resistência que iniciou a volta do nosso carnaval de rua.
Nos últimos anos, depois dos principais Blocos arrastarem multidões pelas ruas da Zona Sul e do Cordão da Bola Preta reunir milhares de pessoas na manhã de sábado de carnaval, vários novos blocos foram sendo fundados, agremiações de todo tipo, formato e tamanho.
Não há bairro do Rio de Janeiro que não tenha o seu bloco, várias categorias profissionais organizam seus desfiles e até mesmo os evangélicos perceberam essa onda e desfilam pelas ruas do Rio cantando louvores em ritmo de samba, ao som de grandes baterias e com alas com coreografias ensaiadas.

No Brasil, o carnaval surge no século XVIII, introduzido pelos portugueses, das ilhas da Madeira dos Açores e do Cabo Verde.
O Entrudo brasileiro ganhou as ruas, principalmente do Rio de Janeiro, e pode ser considerado o pai do nosso carnaval.
No entanto, o encontro do samba com o carnaval é um fato determinante no sucesso e popularidade dessa festa, nos moldes em que a realizamos até hoje.
Na década de trinta, o Brasil vivia um clima de transformação política e cultural que teve início em 22, tanto com a revolta do Forte de Copacabana, quanto com a semana de arte moderna realizada em São Paulo.
Com a chegada de Vargas à presidência do país, a cultura nacional foi sendo conduzida a partir da decisão de se forjar uma identidade nacional livre de influências estrangeiras e que tinha como centro de produção e irradiação o Rio de Janeiro.
Na reta final da luta pela redemocratização do país, principalmente com a Banda de Ipanema (que desde a sua fundação em 65 nunca deixou a peteca cair), os foliões foram se reunindo para brincar e também para fazer chacota do regime militar que sairia de cena logo em seguida, depois de mais de vinte anos de escuridão.
Foi, mais ou menos nessa época, que surgiram o Simpatia é Quase Amor, o Sovaco do Cristo, o Barbas e o Carmelitas, que reuniam foliões do Centro e da Zona Sul e são os precursores da revitalização do nosso carnaval de rua.

Alguns fatores contribuíram para a volta do carnaval de rua no Rio.
O ressurgimento das Velhas Guardas, principalmente da Mangueira e da Portela e o surgimento de novas casas de samba na Lapa.
Novas tecnologias facilitaram a gravação de CDs independentes com boa qualidade, o que permitiu maior fôlego na resistência de sambistas novos e antigos à ditadura das grandes gravadoras.
A própria internet permite a circulação de notícias do mundo do samba.
Enfim, ainda estamos longe do ideal, mas podemos dizer que a situação melhorou bastante e os sambistas não estão mais praticamente condenados à morte se estiverem fora do circuito das grandes gravadores e da grande mídia.

Ver nossos Blocos, cordões e bandas colorindo nossas ruas arrastando multidões nas avenidas cariocas é perceber que o sangue da cultura popular corre novamente nas veias do nosso país.
Encontrar nos bailes populares, pierrôs, colombinas, clóvis, piranhas, mascarados, grupos com fantasias iguais, odaliscas, índios, palhaços, homens e mulheres com as camisetas de seus blocos ou escolas de samba é reencontrarmos a alegria de nossa gente e nosso povo.

Referência: A revitalização do carnaval de rua do Rio de Janeiro -
Márcio Marques.

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