segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os 80 anos da minha mãe...

No sábado, dia 17 de outubro, minha mãe fez 80 anos.
Toda a família queria celebrar com uma festa especial, mas ela, com toda a sua sabedoria e simplicidade adquirida nesses anos todos, preferiu um almoço ou no máximo um churrasco em família.
Ela adora.
Para ela, o mais importante seria ver toda a sua família reunida.
E isso, ela viu.
Vieram filhos, tios, primos, sobrinhos, noras, genros, netos e amigos, como de costume, mas algumas coisas mudaram.
O tempo, responsável pelas mudanças, se fez presente de uma forma muito contundente.
Por exemplo, meu tio mais novo, sempre divertido e carismático, um piadista nato, hoje, sabe que herdou a responsabilidade do discurso na hora de cortar o bolo e não se furtou a dizer belas e sábias palavras.
Até aí tudo bem, mas ver um dos meus tios mais velhos, sentado numa cadeira, sem contar uma de suas inúmeras histórias, calado, o peso da idade sobre os ombros e com o olhar distante, talvez até mirando outras paragens em outros planos, nos deixaram muito comovidos.
A parte boa é que novos personagens chegaram e adoramos ver os filhos dos filhos correndo pela casa, pelo jardim, em volta da piscina, como nós mesmos fazíamos há alguns anos.
Na hora de cortar o bolo, minha mãe falou de alegrias, mas também falou de saudades.
Naquele momento, não sob a luz da ciência, filosofia ou espiritualidade, ficamos nos perguntando onde eles estariam naquele momento.
Vimos fotos de outros tempos, falamos de pessoas amadas que já se foram e ficamos realmente comovidos.
Não era uma tristeza que abala, que fere ou que mata, mas sons muito profundos vibravam em nossas almas e eles falavam de amor e saudade.
Acho que cheguei a vislumbrar meu pai por alí, talvez até porque, era o que mais queríamos, mas talvez ele tenha mesmo passado por lá.
O tal tio mais novo, na hora do discurso, nos lembrou que éramos todos sementes, frutos e flores dos sonhos mais belos do meu pai e da minha mãe.
O mais velho na hora de se despedir, me pediu desculpas por não ter muito mais a oferecer…
Segurando as lágrimas, eu olhei profundamente nos seus olhos e disse:
Eu, poucas vezes na minha vida, recebi tanto amor de alguém, como nesse momento e não considero isso pouco...
Eu não era a criança mais nova a correr pela casa, meu pai não estava mais por alí, muitas coisas mudaram e o tempo realmente correu…
… mas uma coisa é certo - nos estávamos realmente felizes de podermos estar reunidos em torno de uma mulher, mãe, avó, especial, saudável e forte.
Ela soube atravessar décadas com sabedoria e apesar de falar em saudades, continua olhando para o futuro com esperança, pois ela sabe que precisamos muito dela e do seu amor.
Todos nós, filhos, tios, primos, sobrinhos, noras, genros, netos, amigos e todos que vieram celebrar os seus 80 anos de vida.

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